Em depoimento explosivo na Câmara, Eduardo Tagliaferro afirma que ministro do STF pedia monitoramento constante da deputada. Contudo, a credibilidade do depoente é questionada, já que ele foi denunciado pela PGR por crimes graves.
Brasília – O cenário político foi agitado nesta quarta-feira (17/9) por um depoimento contundente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegou que o ministro Alexandre de Moraes, enquanto presidente da Corte, teria comandado uma vigilância intensa e com viés persecutório sobre as redes sociais da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
Tagliaferro, que atuou no cargo entre agosto de 2022 e maio de 2023, descreveu um cenário de pressão constante. “Era uma perseguição ativa, constante. Praticamente semanalmente, duas, três, quatro vezes por semana, eu recebia pedidos para que monitorasse”, declarou aos parlamentares. Segundo ele, “qualquer coisa que envolvesse Carla Zambelli em rede social acabava caindo no foco”.
As declarações foram feitas durante a análise do processo que pode levar à cassação do mandato de Zambelli. O ex-assessor afirmou que a deputada era um “alvo” prioritário dentro de um grupo de parlamentares e influenciadores de direita monitorados pelo TSE.
Para sustentar suas alegações, Tagliaferro mencionou a existência de supostas provas. “O que eu tenho comigo são os relatórios produzidos, os e-mails encaminhados oficialmente […] e as várias conversas de WhatsApp”, disse, citando trocas de mensagens onde, segundo ele, ficava explícita a intenção de “pegar” a parlamentar.
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O Outro Lado: Quem é o Acusador?
Apesar da gravidade das acusações, um ponto crucial coloca a versão de Tagliaferro sob um manto de desconfiança. O próprio ex-assessor é alvo de uma investigação e foi denunciado em agosto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As acusações contra ele são pesadas: violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e até tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A denúncia apura o suposto vazamento de informações sigilosas de servidores do STF e TSE para a imprensa.
Esse contexto levanta questionamentos sobre as motivações por trás do depoimento e a credibilidade de suas alegações contra o ministro Alexandre de Moraes, tornando o caso um complexo embate de narrativas no coração do poder em Brasília.
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