Lula do Fio da Navalha: a recuperação de popularidade Governo Alcança Empate na sua Popularidade, Mas a Pergunta que Fica é: a Trégua Veio para Ficar?

Após meses de forte rejeição, pesquisa Quaest revela uma reviravolta e coloca aprovação e desaprovação em empate técnico pela primeira vez desde janeiro. Uma análise profunda dos números mostra uma reconquista de segmentos-chave, mas também sinais de alerta que podem definir o futuro do governo.

O Palácio do Planalto pode respirar, mas o alívio vem com uma dose cavalar de cautela. Uma nova pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (8), fotografa um Brasil em uma encruzilhada: pela primeira vez em nove longos meses, a aprovação do governo Lula (48%) e a desaprovação (49%) estão em um empate técnico, considerando a margem de erro de dois pontos. A questão que ecoa em Brasília não é sobre a conquista de hoje, mas sobre a sustentabilidade de amanhã. Seria este o início de uma virada consistente ou apenas um breve fôlego em meio à tempestade?

Os números, encomendados pela Genial Investimentos, são um verdadeiro mapa da alma de um país dividido. Depois de atingir um pico abissal de 17 pontos de diferença em favor da rejeição em maio, o governo petista trilhou um caminho árduo de recuperação. A pesquisa, que ouviu 2.004 eleitores entre 2 e 5 de outubro, mostra que a batalha pela opinião pública está sendo travada, e vencida, em trincheiras específicas.

Título: A Fênix Política: Como Lula Ressurgiu das Cinzas e Calou a Profecia de seu Fim?

A Reconquista de Corações e Mentes

foto wikimedia commons

Onde o governo encontrou oxigênio? A resposta está em segmentos demográficos cruciais que haviam se distanciado:

O Voto Feminino Decide: As mulheres, que antes mostravam um cenário de empate (48% a 48%), agora pendem decisivamente para o lado da aprovação: 52% aprovam contra 45% que desaprovam. Uma virada fundamental para qualquer governo. A Fé na Balança: Entre os católicos, a maré também virou. O empate anterior deu lugar a uma sólida aprovação de 54%, contra 44% de rejeição, mostrando uma melhora na comunicação com este grupo religioso. A Virada na Meia-Idade: O público de 35 a 59 anos, que em setembro majoritariamente desaprovava o governo (51%), inverteu completamente o jogo. Agora, 51% aprovam a gestão, um movimento sísmico que demonstra uma mudança de percepção nesta faixa etária produtiva.

Sinais de Alerta e a Batalha Econômica

Contudo, nem tudo são flores para a gestão petista. A aprovação entre os mais velhos (60+), que antes era um porto seguro, agora também entrou na zona do empate técnico (50% a 46%), acendendo um sinal amarelo.

A economia continua sendo o principal campo de batalha. A percepção de melhora, embora tímida, parece ser um fator decisivo. A pesquisa aponta uma queda na parcela de brasileiros que consideram que a economia piorou no último ano. Além disso, a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil goza de um apoio esmagador de 79% da população, funcionando como uma poderosa bandeira popular para o governo.

Até mesmo a política externa, muitas vezes vista como distante, teve seu peso. Para **49% dos entrevistados**, Lula saiu “mais forte” após seu encontro com o ex-presidente americano Donald Trump na ONU, indicando que a projeção internacional do presidente pode estar gerando dividendos de imagem internamente.

Análise: Um Equilíbrio Frágil

O cenário atual é de um equilíbrio extremamente delicado. O governo Lula conseguiu estancar a sangria e reconquistar a confiança de grupos vitais, revertendo uma tendência negativa que parecia consolidada. A melhora na percepção econômica e a reconexão com o eleitorado feminino e católico são as vigas que sustentam essa recuperação.

No entanto, a proximidade dos números de aprovação e desaprovação significa que qualquer erro político, crise econômica ou falha de comunicação pode fazer a balança pender novamente para o lado negativo. O governo não conquistou uma vantagem confortável; conquistou o direito de lutar em um terreno mais equilibrado. A grande incógnita para os próximos meses será se essa recuperação é um movimento estrutural, baseado em resultados sólidos, ou um reflexo volátil de um momento político específico. A nação, dividida, observa atentamente cada passo.

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